sexta-feira, 11 de abril de 2014

Tá no ar... o velho com cheiro de novo

O novo programa de Marcelo Adnet e Marcius Melhem, "Tá no Ar", teve destaque em sua estréia na grade da Rede Globo ontem. Adenet busca elementos que o destacaram na MTV para trazer uma roupagem "nova", (Não se trata de uma novidade para quem viu TV Pirata e a própria MTV) para novo humorístico global. O primeiro é a critica a TV, que para ser feita quebrou com o sistema de autorreferência da Globo e passou a fazer criticas e menções a outros canais e a internet. Obviamente as criticas são as apelações dos outros, e não uma autocritica. Afinal ridicularizar o Jornalismo Datena e apontar que o Pânico mostra bundas para subir a audiência, a internet já faz a tempos e é relativamente fácil para quem transmite o BBB ou exibe o corpo de suas belas atrizes depois do doutoral e antiquado JN.
Contudo o personagem que mais me chamou a atenção foi o "Crítico da Globo", visual desleixadamente estereotipado, com sotaque nordestino, com vários panfletos contra a emissora no quarto, na frente do computador como se fosse num vlog do youtube. Suas intervenções antecipam as criticas e as incluem no universo que o programa pretende abordar e na velocidade que remete, não apenas ao hábito de trocar constantemente de canais, mas ao hábito de navegar na internet baixando e levantando janelas simultaneamente.
Particularmente muito me incomodou o "Crítico da Globo" pois ele ridiculariza e pasteuriza o discurso da democratização da mídia como se fosse um ataque cego a Globo simplesmente pelo seu destaque, sucesso e tradição, que no momento são bem discutíveis. Entretanto o debate sobre a mídia, de fato, não pode cair no discurso simplista de simplesmente "derrubar a Globo" mas de reivindicar e pensar a TV que queremos.
O programa teve momentos interessantes como o Dr. Sus que enxerga virose em tudo (ao invés de tirar sarro de médicos cubanos...). Todavia por mais positiva que pareca qualquer critica positiva dentro da tela da Globo, elas são criticas já assimiladas, feitas de dentro. O que parece ser inovador, dinâmico, critico, é contraditoriamente uma "abertura", uma tentativa desesperada de reverter o processo que está tirando o público da Televisão para a internet, pois, por mais cômodo que seja alguém trocando de canal para você decidindo o que você vai ver na TV, ter o controle - mesmo que numa sensação pueril - é insubstituível.