quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Luciana, Rafinha e a Democratização da Mídia

Ontem (23/09/2014) a candidata Luciana Genro foi entrevistada por Rafinha Bastos em seu Agora é Tarde (quem não viu olha ai). A primeira coisa a ressaltar é a qualidade da entrevista, principalmente em comparação a entrevista feita por Danillo Gentili a mesma candidata (quem quiser comparar entra ai), pois deixar o entrevistado falar é o mínimo que se espera de uma entrevista.
Os pontos fortes da fala da candidata foram a argumentação sobre o tema do aborto e da maconha. São temas difíceis e indigestos de pautar e Luciana cumpriu seu papel ao se posicionar. Outro assunto que chamou a atenção foi as experiências socialistas, obviamente a candidata passou pela sabatina de ter de responder sobre o que deu de errado nelas de uma forma geral. Sua escolha política de se desassociar delas é discutível, porém há de se considerar que é um debate improdutivo para os ouvidos não aclimatados as disputas dentro da esquerda. Contudo acredito que se ela desejava desvencilhar o "Socialismo" de "Autoritarismo", trazer o Chile de Allende e a posterior ditadura de Pinochet ao debate seria uma bola dentro. (admito que fiquei falando alto para a TV para ver se ela ouvia)
Melhores comentários de Luciana na entrevista
O tema da "Liberdade de imprensa" foi que arrematou a entrevista e a meu ver o mais importante e delicado pois existe uma aura de não se discutir a mídia na mídia, como se fosse falta de educação falar mal da casa de alguém enquanto está sentado em seu sofá. Este respeito, é um respeito no sentido burguês de autoridade, que não interessa para quem deve questionar o status quo. Infelizmente foi onde a candidata encontrou mais dificuldades de articular argumentos para desmistificar a ideia de "Liberdade" para a imprensa burguesa. O entrevistador, apesar de menos pior que Gentilli é defensor da liberdade sem limites para os meios de comunicação e como tal insiste em rotular qualquer regulamentação estatal para o meio como um ataque direto a "Liberdade de expressão". Para apoiar sua posição rafinha defendeu a emissora venezuelana que foi estatizada por Chavez, mesmo esta articulando um golpe de Estado contra este. Luciana buscou contra argumentar dentro da situação venezuelana mencionado que uma imprensa golpista é antidemocrática, contudo a realidade venezuelana é demasiado moldada pelo jornais tradicionais no Brasil como um governo ditatorial, para que o expectador desavisado pudesse estabelecer esta relação. A salva de aplausos combinada ao término da frase final de Rafinha querendo concluir que uma rede de TV pode ser a favor de um golpe de Estado infelizmente ficou sem uma boa resposta. Um exemplo que poderia ter sido evocado é a própria imprensa do Brasil pré-1964, para demonstrar como esta é anti-democrática em sua essência (novamente estava lá eu tentando uma telepatia com Luciana).
O saldo da entrevista foi positivo, tanto para a entrevistada como para o entrevistador, gosto de imaginar que, apesar de em geral não agradar as esquerdas, pode ter sido um interessante primeiro contato com as ideias de esquerda.
Ao fim de tudo é importante não tomar estes breves comentários como um julgamento pessoal de Luciana. Ela é um quadro político, parte da política de seu próprio partido, que por sua vez não é o único dentre os partidos de esquerda a deixar o debate da Democratização da Mídia em segundo plano. 

domingo, 21 de setembro de 2014

Crime organizado ou água de coco? Para o Fantástico tanto faz!

A reportagem do Fantástico (de 21/09/2014) sobre a desocupação de um prédio em São Paulo aponta uma posição contra os sem-teto. Ao assistir a reportagem podemos destacar os seguintes pontos. O destaque ao drama do policial que tem que cumprir o mandato policial. Isso foi emocionalmente potencializado pela imagem do garoto abraçando o policial. O uso do depoimento do garoto não foi apenas foi vergonhoso, mas foi desonesto porque foi mais extenso que o depoimento dos membros da ocupação. É aqui que me refiro quando a notícia quando reduzida o singular tende ao conservadorismo. A situação do grupo social dos sem-teto foi reduzida aos comentários de Raquel Rolnik maldosamente editados em que ela pondera a possibilidade de haver crime organizado na ocupação. Em seguida mostra como os ocupantes estavam preparados para a defesa, com cocos verdes!
Imagem do arsenal usado pelo potencial "crime organizado" dos ocupantes do prédio
As ausências de uma reportagem falam tanto quanto seu conteúdo. Como não haviam armas de fogo entre os ocupantes do prédio, o que torna a mera ponderação de crime organizado nesta ocupação extremamente desonesta. Porém a ausência que mais preocupa é a nenhuma menção ao ricaço dono do investimento falido.
Quem têm casa e TV fininha de Led, vai pensar que os moradores fazem parte do crime organizado. Ainda mais se não puder ver a ocupação do ponto de vista dos próprios moradores.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

ZH não sabe contar!

Definitivamente a ZH não sabe contar. Em seu noticiário sobre o protesto dos estudantes da FAPA. eles noticiaram "um grupo de cerca de 30 estudantes".
Em sua nota, os jornalistas da ZH não se deram o trabalho de fotografar os estudantes. Ainda bem que eles possuem máquinas de fotografar.
Porém o jornalismo da ZH mostrou bastante preocupação com o fluxo de carros de uma das avenidas menos movimentadas naquele horário. Se você não tem carro, como eu, ou se preocupa com algo a mais a não ser que horas vai chegar em casa pra ver novela, saiba mais sobre o que os manifestantes reivindicam aqui.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Olha no que dá lutar contra o racismo!

Estamos vendo o processo se confirmar. O processo de desdobramento da noticia conforme já havia dito antes (ver texto no link), de singularizar a coisa toda numa pessoa só. Agora vem o refluxo, a reação contra o que seria uma nova injustiça (demissão, "perseguição") a primeira (o próprio ato racista) cometida pelo combate ao racismo.
A mídia segue sua receita. Enquanto ela é sabatinada sozinha. As estruturas obtusas em relação ao racismo (Clubes, CBF, Globo, Band, etc.) saem pelos fundos e a menina superexposta prepara-se para receber sua redenção pela dosagem "elevada" de revolta.
A cada nova noticia confirma-se esse processo.
A mensagem em comum de todas essas noticias é: "Olha no que dá lutar contra o racismo!". Favor não caia nessa..


Vamos combinar, em suas declarações chorosas a garota pede desculpas várias vezes a torcida do Grêmio e uma vez ao goleiro que ela ofendeu. Difícil acreditar que ela aprendeu outra coisa além de ficar de boca calada no estádio.